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Desenvolvimento Social
Uma cidade como o Rio de Janeiro, e grande parte das cidades do Brasil, são constituídas a partir de uma dinâmica compartimentada e estratificada, que desconsidera as diversidades das diferentes territorialidades, validando e aprofundando cada vez mais as desigualdades.
Essa estrutura ignora os diversos corpos, culturas e vivências e dificulta uma relação e interlocução ampla, intersetorial, entre todos os atores sociais que constituem nossa sociedade. Reprime os direitos básicos e o acesso de todos nós a todo e qualquer espaço, fragmentando ainda mais a cidade e seus territórios. E nessa lógica, a criança é a mais impactada. Tem seus direitos, sua existência, e seu desenvolvimento social, emocional e cultural afetados.
Afinal, a criança tem direito à cidade? E a que crianças nos referimos quando falamos sobre infância?
Essa reflexão me despertou para outras perguntas: como crianças e jovens são reconhecidos e estimulados como cidadãos, singulares, autônomos e parte atuante da sociedade? Como estamos educando crianças e jovens no presente para construção de um futuro mais equilibrado, justo e sustentável? Como pensar na educação a partir de uma dinâmica de sociedade como a nossa?
Foram essas e muitas outras questões que me levaram a um caminho de pesquisa sobre Cidades Educadoras. Isso tem sido motor e impulso para a construção de uma ideia, que venho aprofundando nos últimos anos, e hoje se materializa através de um movimento que ainda está começando, mas se propõe a construir, de forma descentralizada e colaborativa, novos caminhos para encontrarmos respostas significativas para essas e muitas outras perguntas.
Segundo a Associação Internacional das Cidades Educadoras, o conceito foi cunhado pela UNESCO como uma proposta que aparece no texto “Aprender a ser” (Faure, 1974). No entanto, só é retomado a partir dos anos noventa, e acolhido por muitas cidades do mundo após o primeiro “Congresso Internacional de Cidades Educadoras”, celebrado em 1990, em Barcelona, que estabelece uma série de princípios que compreendem a cidade como um território educativo, e incluem na Carta Inicial das Cidades Educadoras, os princípios básicos pelos quais se deve reger o impulso educativo da cidade.
“A cidade educadora deve exercer e desenvolver esta função paralelamente às suas funções tradicionais (econômica, social, política de prestação de serviços), tendo em vista a formação, promoção e o desenvolvimento de todos os seus habitantes. Deve ocupar-se prioritariamente com as crianças e jovens, mas com a vontade decidida de incorporar pessoas de todas as idades, numa formação ao longo da vida. As razões que justificam esta função são de ordem social, econômica e política, sobretudo orientadas por um projeto cultural e formativo eficaz e coexistencial”.
A partir da pesquisa, da experiência com atividades artísticas e culturais que venho realizando inspirada em outras iniciativas ao redor do mundo, é criado o PLAY – uma Plataforma Livre de Acesso às Artes, de impacto sociocultural, que através das múltiplas linguagens e expressões artísticas, deseja ampliar percepções sobre educação a partir da cidade e suas diversidades. Refletindo as infâncias e juventudes de maneira diversa, inclusiva e participativa.
O Play nasce convidando diferentes territórios a colaborar, dialogar e participar das experiências que, inicialmente, acontecerão no Rio, mas têm o propósito de circular e provocar deslocamentos, que transbordem a noção de território dentro da lógica que praticamos hoje.
Um movimento que através da arte, nos propõe experienciar o território com todo seu potencial educativo. Criando espaços que atravessem as reflexões que muitas vezes ficam restritas ao campo acadêmico, para trazê-las para uma perspectiva da experimentação ampliando nossas compreensões e multiplicando o potencial transformador que práticas e iniciativas como essa podem gerar. E isso se faz não só a partir de – mas com e para as crianças.
Vamos refletir sobre as relações humanas e as suas diversas identidades e saberes. Pensar a cidade e suas possibilidades a partir das diferentes territorialidades. Mobilizar e fortalecer ações inovadoras que gerem transformações culturais e sociais. Estimular a liberdade, o afeto, a criatividade, a humanidade e as conexões a partir de tudo que colabore e impulsione a existência de uma sociedade diversa, inclusiva, participativa, igualitária e plural.
Através da troca de conhecimentos, vivências, ideias e todas as atividades, os diálogos e experiências artísticas são integradas a outros campos do conhecimento, criados junto a artistas, educadores, pensadores, jovens, ativistas e especialistas em diferentes áreas, mirando no impacto e nas transformações fundamentais para as próximas gerações, pensando nos espaços que elas ocupam hoje e vão ocupar no futuro.
O Play é um convite à reflexão e à ação.
Que essas perguntas ecoem, transbordem e afetem de forma positiva e efetiva outras possibilidades, estimulem novas iniciativas e conectem mais gente interessada e empenhada em promover mudanças reais para crianças e jovens. Que mais vozes se multipliquem e se movimentem para garantir à criança o direito à cidade, ao livre brincar, à interação e participação social, e consequentemente ao seu reconhecimento como cidadã.
A criança é presente e, para construir o futuro precisamos cuidar do presente.
ESTUDIOCRU
Descrição teste do ESTUDIOCRU
Para conhecer a plataforma e acompanhar as ações que já estão sendo realizadas, acesse www.playfestival.art